terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

[Memórias] M'As Foice

Os M'As Foice são actualmente um dos projectos mais interessantes que existem neste país e provam que imaginação e técnica são coisas que não lhes faltam. Fazem-nos sentir orgulhosos da música feita em Portugal. Quem ainda não os viu ao vivo, perdeu uma boa dose de humor, de saber estar em palco, de saber como se faz um bom espectáculo.

Recentemente tocaram mais uma vez no Rock Rendez-Vous e mais uma vez deram um excelente espectáculo, coisa rara nos grupos portugueses. O início sarcástico do "Mário Guia Um Veículo Sem Luzes"(1) foi brilhante, assim como o foi o modo como eles se apresentaram em palco, inovando mais uma vez e mostrando o filão de ouro que está ali para ser explorado. Quem conseguirá esquecer a divertida performance de JêPê, a mostrar às sopeiras que estavam junto ao palco como se lavava o chão do Rock Rendez-Vous. Quem conseguirá esquecer todo aquele humor negro?

Os M'As Foice são sete rapazes, provenientes de coimbra. Os seus nomes: Sérgio (guitarra), Alex (guitarra), João Paulo (bateria), Nito (voz), Miguel (baixo), Tony (coros e performance) e JêPê (performance). Na primavera de 1989, compilaram numa cassete para amigos alguns dos seus temas, limitados claro por meios técnicos mas não suficientes para impedir o seu sucesso junto do ouvinte. Deram-lhe o nome de "Super Máxi 89". Edit Mixes do hino nacional, António Sala, Júlio Isidro, entre outros, abre o Lado A deste futuro megamáxi (desta vez, em vinil, espera-se)(3). Remixes samplados fazem também de separadores entre as músicas. Estas, excelentes ensaios de como se deve ser irreverente, original e competente tecnicamente, provocam no ouvinte uma sensação de...como que... O destaque vai particularmente para "Galinheiro", "Martelo e Foice", "Coca Cola Billy" e "É".(4) Ao vivo, foram também excelentes os temas "Ónião" e "Fado do Tony".

Miguel Cunha, Blitz 28-11-1989

(1) Foram injustamente afastados da final do Concurso de M.M. do Rock Rendez-Vous, quando mereciam ter alcançado o lugar cimeiro. (MC)

(2) «...deste o início do grupo que estava dentro de nós aquele espírito de nos divertirmos em Palco (...) Inicialmente o performer era para actuar numa música, depois em várias e no fim acabou por ficar sempre. (...) Mas essas performances não são pré-planeadas, elas saem do improviso, acontecem naturalmente. Leva-se uma ideia que depois se desenvolve em palco. É por isso que nos faz divertir, porque todas as vezes é diferente.» M'As Foice / Blitz

(3) Venceram um concurso organizado pela RUC cujo prémio era a gravação e edição de um máxi-single. O disco que deveria chamar-se "Super Maxi" foi gravado mas não chegou a ser editado. O grupo acabou em 1991 porque tinham decidido que o grupo só existiria enquanto se divertissem.

(4) «As letras são muito básicas. É mesmo aquilo - nha, nha/nha, nha, nha - não têm nada de épico, não têm nada de Luís de Camões, mas é mesmo assim, é M'as Foice. Fala-se do dia-a-dia, das pessoas de Coimbra. Há letras que até nem falam de nada. Que são a gozar com as próprias letras. Por exemplo "Coca Cola Billy" fala do Bar Moçambique e das pessoas que o frequentam, "Cu Nimbriga de Morcegos" fala das festas académicas de Coimbra e dos estudantes, "É (Mas foi-se)" é um instrumental...» M'As Foice / Blitz



info: Anos 80

2 comentários:

pedro polonio disse...

em palco eram brutais!!!

António Caeiro disse...

Não me recordo se os vi ao vivo. Sei que eles estiveram no mesmo Concurso que "nós" em Coimbra em 1988.
...chiça... já lá vão 20 anos!